Stan Lee faleceu na última segunda-feira (12), aos 95 anos de idade, depois de um ano marcado por alguns problemas de saúde que até diminuíram suas participações em eventos e convenções. Mas você sabia que o quadrinista tem uma relação um tanto quanto conturbada com o Brasil que envolve crimes e até falência? Entenda mais abaixo.
Antes que você fique decepcionado com isso, já vamos adiantar que tudo o que aconteceu não foi culpa de Stan Lee, mas sim do empresário Peter Franklin Paul. Em 1998, a dupla fundou a empresa Stan Lee Media, que seria voltada para divulgar novas animações e quadrinhos do escritor.
Dois anos depois, Paul decidiu doar US$ 15 milhões para a campanha de Hillary Clinton para a presidência dos EUA. Em troca, seu marido e então presidente do país, Bill Clinton, teria uma vaga no conselho da Stan Lee Media.
E foi aí que começou o problema. Paul decidiu bancar várias festas e eventos do Partido Democrata, e para isso, fez vários empréstimos com o banco Merryl Lynch, em que deu como garantia todas as ações da empresa que fundou ao lado de Lee.
E como você já deve imaginar, tal irresponsabilidade fez com que a Stan Lee Media declarasse falência apenas três anos após sua fundação. A quebra da empresa foi atribuída a Paul e ao vice-presidente executivo Stephen Gordon. Os prejuízos causados pelos dois chegaram à casa dos 25 milhões de dólares.
Stan Lee sempre afirmou que não esteve envolvido com nenhuma irregularidade e que deixou a parte financeira do negócio nas mãos do empresário. Mas como era o dono da empresa, teve de arcar com esse enorme prejuízo e só não ficou quebrado por conta dos filmes dos X-Men, que estavam em alta. E, claro, sempre reiterou o quanto que ficou chateado com Peter Franklin Paul.
“Eu considerava Paul meu melhor amigo. Eu pretendia até nomeá-lo como responsável pelos meus bens”, disse Lee.
Você deve estar se perguntado qual é a relação do nosso país com este caso, pois não fizemos nenhuma menção até aqui. Mas é agora que as peças se encaixam.
Logo após a quebra da Stan Lee Media, Paul fugiu justamente para o Brasil, após alegar ter se tornado um perseguido político. Ele havia fundado um negócio que ensinava inglês para brasileiros em fitas cassete e CDs com um empresário argentino em 1997 e sempre gostava de passear pelo país.
No entanto, o empresário foi preso pela Polícia Federal em 3 de agosto de 2001, em um hotel de luxo em São Paulo. Ele ficou detido por dois anos até ser extraditado para os EUA em 2003. Durante seu julgamento, se declarou culpado por crimes de fraude nas Bolsas de Valores do país.
Em 2009, Paul precisou pagar uma multa de 11 milhões de dólares com a justiça americana. Ele ficou preso até dezembro de 2014, e desde então, cumpre liberdade condicional.
É uma história muito louca, não é mesmo? Mas ao menos, sabemos que Stan Lee não fez nada de errado e foi, na verdade, vítima de um esquema criminoso.