Westworld teve um inicio promissor e despretensioso. Sem querer ser grande demais, a série conquistou o público aos poucos e, com sua história complexa e cheia de questões filosóficas, conseguiu um espaço especial na casa dos seus telespectadores e na sua própria emissora, a HBO.
As duas primeiras temporadas são complexas e não lineares, o que talvez tenha afastado um pouco algumas pessoas que alegavam que a série era “muito complexa”. Quem escolheu continuar assistindo, no entanto, gosta justamente da experiência confusa, porém satisfatória, que a produção traz.
Porém, com o fim de Game of Thrones, uma das séries de maior audiência da HBO nos últimos anos, Westworld era a única no catalogo da emissora norte americana que tinha potencial de se tornar uma explosão de audiência.
Com uma temporada produzida a cada dois anos, a qualidade de roteiro e produção sempre foram uma marca forte do seriado produzido por Jonathan Nolan e Lisa Joy.
Cuidado! Esse post contém spoilers da 3° temporada da série Westworld
A terceira temporada de Westworld começa agitada. Conhecemos o “mundo real” e descobrimos que Dolores (Evan Rachel Wood) está planejando a sua revolução. O que começa sendo uma temporada promissora acaba sendo algo totalmente decepcionante.
A série já provou que consegue se reinventar, inclusive o próprio produtor falou, em uma entrevista à revista Variety, que esse é um de seus principais objetivos. Foi nessa tentativa de reinvenção que Westworld se perdeu.
A 3ª temporada não traz uma história complexa, a narrativa é linear e as discussões sobre as questões filosóficas do ser humano ainda estão presentes. Talvez seja uma tentativa de a HBO ocupar o lugar de Game Of Thrones e tornar Westworld mais “mainstream”.
Acontece que o problema da temporada não é “o que muda”, mas “como muda”. Tudo parece ser tão simples e raso.
Assumindo um tom menos complexo, a série anda de forma instável, porém com alguns momentos suficientemente satisfatórios para que a audiência não perca o gosto e abandone de uma vez por todas.
Alguns personagens com arcos estimulantes viram apenas coadjuvantes com histórias fracas e de pouca importância para o andar da série. Maeve (Thandie Newton) é a mais prejudicada, reduzida a capanga do vilão da temporada, a anfitriã é resumida a uma mulher controlada por um desejo egocêntrico, além de tentarem força uma rivalidade entre ela e Dolores.
Caleb (Aaron Paul), personagem introduzido na temporada, é alguém que toma uma importância gigantesca na história, sem ter uma história relevante o suficiente para o publico criar um laço e ter empatia.
A única personagem que consegue ter momentos realmente significantes é Charlotte Hale (Tessa Thompson), com a morte de sua família e o desprezo que a personagem cria por Dolores. A atriz consegue ter a sua melhor atuação, porém, a história fica em segundo plano – descobrindo apenas no final que ela está criando mais anfitriões para, talvez, uma possível guerra contra Dolores.
A temporada também tem seu ápice – e não é no bom sentido – no episódio final. Tudo se resolve de maneira fácil e até obvia. Para uma série que acostumou o público com plot twists complexos e surpreendentes, o último episódio deixou um gosto amargo na boca.
Nem tudo está perdido, por mais que a qualidade tenha decaído nessa temporada (o episódio final possui apenas 56% de aprovação no Rotten Tomatoes, onde o consenso é que a série virou apenas mais uma qualquer de Sci-Fi).
O final amargo ainda deixa questões que vão levar o publico a ver mais uma temporada. Qual será o plano de Charlotte? O que Bernard (Jeffrey Wright) viu no futuro? O que vai acontecer com Caleb? Irá ter uma nova versão de Dolores?
A série foi renovada para a sua 4ª temporada. Com sorte, com todo o feedback negativo que estão recebendo, os produtores podem tentar botar a atração nos trilhos novamente. Caso contrário, o público perderá um dos seriados mais complexos e interessante dos últimos anos, apenas pelo interesse de torná-lo mais popular.
Co-criadora de Westworld diz que final da série já está definido
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