Era uma Vez em Hollywood é o mais novo filme do renomado e excêntrico diretor Quentin Tarantino – e como não poderia deixar de acontecer, ele também tem suas polêmicas. Uma delas envolve uma cena com o personagem do lendário ator Bruce Lee (interpretado por Mike Moh).
Após o diretor tentar se defender das controvérsias, a filha de Bruce Lee, Shannon Lee, rebateu as declarações de Tarantino. Ela fez duras críticas à produção após ter visto seu pai ser retratado como uma pessoa arrogante e ficou ainda mais ofendida com as recentes declarações do cineasta.
“Ele poderia calar a boca sobre isso”, retrucou Shannon, em entrevista para a revista Variety. “Isso seria ótimo. Ou ele apenas poderia pedir desculpas pelo que disse: ‘eu não sabia como Bruce Lee era de verdade, apenas escrevi meu filme, mas isso não deveria contar sobre como ele era mesmo'”, sugeriu.
Entenda o caso
Na passagem em questão, Bruce Lee começou a fazer alguns comentários que irritaram o personagem Cliff Booth (interpretado por Brad Pitt) e os dois logo começam a brigar no set de filmagens do filme O Besouro Verde. Eles tiveram que ser separados pela equipe de produção.
No entanto, dois detalhes desta briga se tornaram ponto de polêmica: o primeiro é que Cliff conseguiu enfrentar Bruce Lee, um dos maiores artistas marciais da história, sem grandes problemas. E o segundo é que o lendário ator fez alguns comentários arrogantes antes de os dois começarem a brigar.
Quentin Tarantino logo decidiu explicar a cena da briga entre Booth e Lee em entrevista ao Screencrush. “Cliff é um Boina Verde (uma divisão de elite do exército americano), matou muitos homens na Segunda Guerra Mundial em combate corpo-a-corpo. Se Cliff estivesse lutando contra Bruce Lee em um torneio de artes marciais, Bruce Lee iria matá-lo. Mas se estivessem lutando na selva das Filipinas, Cliff o mataria”, disse o diretor.
Já a respeitos dos comentários arrogantes feitos por Bruce Lee, Tarantino se defendeu e disse que se inspirou em muitas coisas reais para moldar o ator em Era uma Vez em Hollywood. Ou seja: segundo ele, nem tudo foi inventado.
Tarantino garante, por exemplo, que uma fonte de inspiração foi a biografia de Lee, escrita por sua viúva, Linda Caldwell.
Era uma Vez em Hollywood faz sua estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (15).
Sobre Era uma Vez em Hollywood
Em Era uma Vez em Hollywood, o diretor Quentin Tarantino faz mais uma viagem ao passado, precisamente a 1969. O filme é uma grande homenagem a uma Hollywood que não existe mais e ao cinema, especialmente ao western spaghetti.
Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) é um ator de uma série de televisão de sucesso que se sente injustiçado. Queria estar fazendo mais e melhores filmes, quem sabe com seu novo vizinho, o polonês Roman Polanski, que colhe os frutos do sucesso O Bebê de Rosemary e é casado com a atriz Sharon Tate (Margot Robbie).
Mas há praticamente um muro intransponível entre essas duas Hollywoods, a Hollywood do passado, representada por Dalton, e a nova Hollywood, dos cineastas cool e autorais como Polanski e, um pouco mais tarde, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese e Woody Allen.
“Tarantino é um banco de dados do cinema, e aqui faz uma grande carta de amor a essa indústria a que temos sorte de pertencer”, disse DiCaprio, em coletiva de imprensa, sobre o filme.
O melhor amigo de Rick Dalton é o dublê Cliff Booth (Brad Pitt), que tem uma relação mais relaxada com sua posição pouco privilegiada na indústria. “Tem tudo a ver com aceitação. Aceitação do seu lugar, sua vida, seu ambiente, seus desafios, seus problemas”, disse Brad Pitt. “Rick acha que sua vida é injusta, enquanto Cliff está em paz com quem é e onde está.”
Mas uma nuvem negra paira sobre essa Hollywood em transformação: o culto formado por Charles Manson, conhecido como Família Manson, que em 9 de agosto de 1969 assassinaria Sharon Tate, grávida de oito meses, e mais quatro pessoas. “Era a época do amor livre, da esperança, e os crimes representaram uma perda de inocência”, disse Pitt. “Foi uma visão sombria do lado obscuro da natureza humana.”
O filme passa um bom tempo no grupo formado principalmente por dezenas de jovens mulheres. “É uma comunidade hippie, bizarra, mas, embora tenha um ar sinistro, mostramos seu dia-a-dia”, disse Tarantino. “Eles ganhavam dinheiro oferecendo cavalgadas guiadas e há relatos de que eram muito simpáticos.”
Era uma Vez em Hollywood: quem são os personagens reais do filme